quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Religiões, Literatura e algumas verdades

Vou começar por algumas verdades; respeito é bom e todo mundo gosta. Mas, e vem aí a segunda verdade; não funciona bem assim. Outra verdade é que não devemos julgar nada nem ninguém, especialmente a religião, fé ou falta destas. Mas também não é isso o que acontece. Católicos falam mal dos espíritas, que falam mal dos evangélicos que falam mal dos ateus que falam mal de todo mundo e assim vai.
Comigo funciona assim, não mexa comigo que também não mexo com você. Pois é, desta vez mexeram comigo.
Tudo começou em um sábado a tarde sem nada para fazer. Prazer novo descoberto, TEMPO LIVRE, não ter obrigações, não estar morta de cansaço e fazer só o que quero. Maravilha! O que fazer? Livraria.
Com meu novo amor pelos autores contemporâneos, posso passar ainda mais horas dentro de uma boa livraria fuçando, lendo trechos, pegando e devolvendo livros nas estantes pensando no tamanho do buraco na minha conta bancária se eu comprasse tudo o que gostaria. Algum tempo depois com um presente e quatro livros para mim fui pagar a conta, também conhecida como "dolorosa".
A Livraria da Vila (da Vila mesmo, nada de shoppings luxuosos e lotadíssimos) costuma ser um lugar muito gostoso desde que me conheço por gente. Tenho lembranças de participar quando criança de várias atividades como oficinas, leituras e brincadeiras. Na adolescência frequentava para comprar os livros que as professoras mandavam e sempre saía com mais um ou dois clássicos e nos últimos anos frequentei por conta de lançamentos, compras absolutamente necessárias e desnecessárias também, pesquisas e café, muito café.
A moça do caixa após passar meu cartão e colocar meus livros em uma sacolinha de papel reciclado me diz que colocou alguns marcadores de página e eu agradeci. Não imaginei que ali teria assunto para uma conversa muito engraçada e um post no novo blog.
O marcador fazia propaganda de um novo livro da editora Petit, Paixão de Primavera.



Por favor, olhem com atenção o canto superior esquerdo da capa. "Romance do espírito Leon Tólstoi". Esse tal espírito não é ninguém mais, ninguém menos que o autor de Anna Karenina, Guerra e Paz e outros.

Pra começar, porque o Tolstói iria "ditar" um livro para um senhora aqui no Brasil? Porque o Brasil faz parte do BRIC? Porque ele finalmente encontrou alguém que o entendia? A médium é a única no planeta com uma alma simples como a dele? Parece que esta senhora já tem uma relação com o Tolstói, este é o segundo livro "dele", o primeiro foi Leon Tolstoi por ele mesmo. Fico realmente muito curiosa sobre como se dá o fenômeno, mas uma vez que envolve o autor de um dos meus livros preferidos, , A Morte de Ivan Ilicht, a curiosidade vai para o segundo plano de urgências.

Digo isto porque a editora Petit disponibiliza no site a capa, sobre a autora, apresentação e primeiro capítulo em PDF e eu abri. "No mundo dos
espíritos, Tolstói (1828–1910), o grande escritor russo,
continua a produzir obras empolgantes". Confesso que os dois parágrafos que li não me empolgaram...

Se Tolstói escreve do além, em português e desse jeito, eu deveria parar de ler e de estudar literatura.

Além do livro eles montaram também um book-trailer que de Russo e Tolstói não tem nada!
Aqui vocês podem assistir o book-trailer


Enquanto alguém escreve ou lê um livro psicografado, tudo bem! Tem livros dos espíritos-autores com os nomes mais diversos. Agora, não coloque Tolstói e nenhum outro grande autor a seu favor.
Vamos combinar, fiquem aí com seus textos psicografados e eu fico aqui com minha literatura. Afinal, uma coisa é uma coisa e outra coisa, é outra coisa!



sábado, 20 de agosto de 2011

Viagens de menos e estudos a mais

Como parte do projeto "vida nova ou perdendo medos", abandonei meu blog antigo onde apenas contava histórias de viagem para dividir aqui informações sobre as coisas que mais gosto e que podem interessar a meus queridos amigos, colegas e afins. Literatura, Teatro, Cinema, Processo Criativo, Viagens e prazeres!

Para abrir este novo espaço, publico aqui um pequeno conto produzido por mim em uma aula-oficina de criação literária em Junho, do incrível professor Mauricio Salles Vasconcelos.

Pernas
Aline olhava as pequenas luzes do painel se apagando. Uma luz apagava, uma estação passava e eles estavam mais próximos do fim. Fingiam que não eram, ou não foram. Ela sentia a garganta seca e suas pernas perdendo a força. A conversa que já acontecera parecia não ter dado conta de tudo o que tinham vivido até ali, sempre juntos, pelas estações de metro, ruas, livrarias, bares e festas. Suas pernas formigavam, mas ela sabia que em algumas estações levantaria do banco, sairia do lado dele e não se encontrariam mais.
Enquanto as memórias passavam por sua cabeça, mais rápidas que o trem pelos trilhos, ela sentia que já não podia mexer suas pernas. Seus pensamentos sobre ele e as memórias foram substituídas por um desespero que chegou a confortá-la. Ela não podia falar ou levantar dali e percebia que faltava apenas uma luz no painel. Lembrou que tinha pernas lindas, que ele adorava quando usava saias curtas e decidiu ficar. Não posso caminhar sem você. Você deve caminhar sozinha. Ele desceu na estação em que estavam e Aline fez todo o trecho da linha verde por três vezes. Lembrou da felicidade estridente que sentiu ao conhecê-lo e como foram os últimos meses daquilo que acabavam de terminar. Desceu na estação errada e caminhou.